Nos anais da história do chá, é sabido que o Oriente nos presenteou com a Camellia sinensis. Contudo, a história de como essa folha se tornou o coração pulsante da cultura inglesa é uma narrativa de afeto, diplomacia e devoção pessoal, protagonizada por uma princesa portuguesa: Catarina de Bragança.
A sua trajetória não foi apenas uma inspiração para o nome Catherine Fine Teas; foi a personificação da nossa crença mais profunda: o poder transformador de uma pausa e de um ritual.
A Princesa Portuguesa e o Chá
Em meados do século XVII, o chá já havia se popularizado em Portugal. Importado do Oriente, o seu valor e exotismo o transformaram em um emblema de sofisticação e distinção nos círculos aristocráticos e na corte real, onde Catarina cresceu.
A bebida também ganhava apreciadores na sociedade holandesa, impulsionada pelo comércio da Companhia Holandesa das Índias Orientais (responsável por trazer do Japão o primeiro carregamento de chá para a Europa em 1610).
Neste período, a Inglaterra observava à distância. Foi apenas em 25 de setembro de 1660 que o célebre diarista e parlamentar inglês Samuel Pepys mencionou o chá pela primeira vez em seu diário:
“E depois mandei buscar um Cupp of Tee (uma bebida chinesa), do qual eu nunca bebi antes.” Samuel Pepys
Sendo Pepys um membro influente e conectado da sociedade londrina, sua anotação sugere que a bebida era, de fato, uma raridade incomum naquela época.
Isso logo mudaria. Poucos meses antes da anotação de Pepys, em maio de 1660, Carlos II foi restaurado ao trono britânico.
O Casamento com Catarina de Bragança: A Solução para a Inglaterra
Carlos II herdou um reino com muitas dívidas e, desesperadamente sem fundos, a solução foi um casamento estratégico com uma princesa estrangeira que trouxesse um dote valioso.
Após negociações, ficou acertado que Carlos II se casaria com Catarina de Bragança. O seu pai, o rei João IV de Portugal, forneceria navios repletos de bens preciosos, especiarias e tesouros que poderiam saldar as dívidas da Inglaterra.
Dentre estes produtos, estava um baú de chá de folhas soltas, a bebida preferida na corte portuguesa. Reza a lenda que os engradados eram marcados como Transporte de Ervas Aromáticas – posteriormente abreviado para T.E.A. (Embora esta última parte seja provavelmente um mito charmoso).
A Chegada de Catarina de Bragança à Inglaterra
A princesa Catarina de Bragança chegou a Portsmouth em 13 de maio de 1662. Após uma travessia longa e exaustiva, sentiu-se indisposta e, buscando um gesto de conforto e familiaridade, solicitou uma xícara de chá ao desembarcar.



Em um território onde o costume ainda não havia chegado, foi-lhe oferecida uma caneca de cerveja.
Catarina e Carlos II casaram-se oito dias depois. Inicialmente, a nova rainha, uma católica devota educada em um convento, achou difícil se encaixar na corte inglesa, conhecida por sua efervescência e modos mais livres.
Sentindo-se deslocada, era natural que a princesa buscasse refúgio em seus rituais familiares. Ela se recolhia em seus aposentos para seu momento de chá. Mais do que consumir uma bebida, Catarina estava criando um santuário : uma pausa sagrada de calma e presença em meio à agitação.
Este gesto íntimo, repetido diariamente, foi o primeiro e mais poderoso catalisador para a popularização do chá.
Catarina de Bragança: O Ritual que Conquistou a Aristocracia
O ritual de Catarina, bem como seu apreço evidente pela bebida, tornou o chá uma verdadeira moda na Inglaterra. Primeiramente entre as damas da corte e, gradualmente, permeando toda a aristocracia, que se rendeu ao elegante elixir.
Embora o chá fosse servido em cerimônias, era na companhia de amigas, dentro de um quarto ou closet, que a bebida era consumida com mais frequência pelas damas da época.
O próprio chá, bem como as delicadas peças de porcelana para o seu preparo, eram guardados com carinho nos armários dos quartos. O ritual não era apenas sobre a infusão; era sobre a beleza da experiência completa.
No livro Lives of the Queens of England (1840), a autora Agnes Strickland relatou o primeiro encontro de Catarina com a família real inglesa:
“… A duquesa de York veio de Londres… para oferecer sua homenagem à cunhada real. Quando ela pousou, o rei Carlos a recebeu… e conduziu-a até a rainha, que a recebeu em seu quarto… A família real então se sentou perto da cama da rainha e conversou com ela. É provável que eles tenham tomado a bebida favorita de Catarina, o chá, que se tornou um refresco da moda na Inglaterra logo após seu casamento com Carlos II…” Agnes Strickland – Lives of the Queens of England
A Bebida Celebrada em Verso
O gosto de Catarina pelo chá rapidamente se espalhou. Em 1663, o poeta e político Edmund Waller escreveu um poema em homenagem à rainha em seu aniversário, celebrando a bebida que ela tornou icônica:
Vênus, sua Murta, Febo tem suas baías; O chá é excelente, o que ela elogia. O melhor das Rainhas, o melhor das ervas, devemos Para aquela nação ousada que o caminho mostrou Para a bela região onde o sol nasce, Cujas produções ricas nós premiamos com tanta justiça. Amiga da Musa, o chá nos ajuda muito, Regressa os vapores que a cabeça invade, E mantenha o palácio da alma sereno, Caberia em seu aniversário para saudar a Rainha. Edmund Waller – 1663
Ditando Tendências: O Legado Além do Chá
Com o tempo, Catarina de Bragança se estabeleceu como uma mulher preeminente no reino. Embora tenha adotado a moda inglesa, ela continuou a preferir a culinária de seu país natal, Portugal.
Além de introduzir o ritual do chá na corte inglesa, Catarina também foi responsável por instituir o uso da porcelana nas refeições, em substituição aos pesados pratos de prata e ouro que esfriavam rapidamente os alimentos.
A porcelana, caríssima na época, fazia parte do dote de Catherine que, como outras senhoras aristocráticas, acumulou lindas peças ainda em Portugal, levando-as para a Inglaterra e materializando a arte da mesa posta.
O Ícone da Delicadeza: Chás Especiais e Infusões Selecionadas na Catherine Pink Tin
O Legado de Catarina: Como a Pausa para o Chá se Tornou um Ritual de Afeto
A história de Catarina de Bragança reverbera profundamente na alma da Catherine Fine Teas. O que a rainha fez, de forma intuitiva em seus aposentos privados, foi reivindicar um momento para si. Ela transformou um ato ordinário em um ritual extraordinário , um gesto de presença e autocuidado.
Ela nos ensinou que o chá é mais do que folhas em água quente; é um convite. É uma ferramenta para criar um espaço de aconchego e conexão em um dia caótico. Quando Catarina convidava suas damas para seu quarto, ela não estava apenas servindo uma bebida da moda; ela estava compartilhando afeto e cultivando a “qualidade da atenção”.
Hoje, honramos esse legado. Acreditamos que a sofisticação não está no excesso, mas na beleza desses momentos. Cada lata de chá que abrimos, cada infusão que preparamos, é uma continuação direta daquele gesto pioneiro de Catarina: a criação de uma pausa sagrada.
É por isso que o nome dela está em nossa porta. Não apenas pela história que ela iniciou, mas pela filosofia de vida que ela inspirou.






